terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quando tudo começou...

Aprendi a ler muito cedo.

Aos três anos, já não precisava pedir a ninguém de casa que me lesse os gibis da Mônica que ganhava, apesar de ainda fazer manha na hora de dormir para que meus pais me contassem alguma história...

E, na contramão das crianças da época, não foi nenhuma cartilha que me abriu as portas do universo das letrinhas. Ou melhor, minhas cartilhas foram um tanto fora do convencional: a Folha de S. Paulo e as revistinhas da Mônica e do Cebolinha.

Meu pai, naquele tempo específico, era um ser paciente. Ao extremo. E não se cansava daquela pequena criatura, ávida por compreender aqueles símbolos mágicos, que lhe questionava incessantemente: "que letra é essa? E essa? O que escrito aqui? O que você lendo?", e por aí afora...

Nunca ninguém de casa - meu pai, minha mãe e minha avó materna - soube explicar exatamente como e quando isso aconteceu. O fato é que, de repente, eu parei de inventar histórias sobre as figuras dos gibis e comecei a, de fato, ler exatamente o que estava escrito nos balões.

Assim começou a minha história de amor com as letras.

Foram inúmeros gibis, suplementos infantis de jornais, livrinhos infantis, a coleção de contos dos irmãos Grimm da minha mãe, as caixas de cereal, os outdoors e placas nos passeios de carro em família...

Dali a começar a escrever, imitando os traçados das letras que eu lia nos balões saídos das bocas da Mônica, do Cebolinha, do Cascão e da Magali, foi um pulo. Eram muitas páginas, preenchidas com minha letra bastante disforme, que recebiam novos roteiros e aventuras para a turma, diretamente de minha criativa cabecinha de quatro anos.

Meus pais ainda têm algumas relíquias dessas guardadas, mas a maior parte se perdeu com o tempo.

Mas as lembranças são tão vivas, que credito a elas minha eterna capacidade de conversar diretamente com as crianças - sem tratá-las como bichinhos, bebês ou como adultos em miniatura.

E preciso confessar que, ao longo desses anos todos, nunca parei de ler os gibis da turma criada por Mauricio de Sousa... nem de criar novas histórias para esses personagens.

Para quem tem o sonho tatuado na pele, não há como abandonar o maior de todos.

Disseram-me, algumas vezes, que nossos sonhos infantis são absurdos, e que a maioria nunca se concretiza...

... quem pode me garantir?

(continua)

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